quarta-feira, 8 de junho de 2011

Alameda no Outono

     Mesmo este casaco gigante com um três botões, este moletom cinza por baixo e esta camisa de manga comprida e bem quente, mesmo tudo isso não impede esse incrível frio de penetrar. Ainda é outono, o alto-outono, mas está tão frio, muito frio. Esse frio parece como um fogo que queima ao contrário.

     E esta bebida quente, dias chá, dias café, dias chocolate-quente, consegue um pequeno efeito de bem-estar temporário, como todo bem-estar é, e assim melhorar o momento. Nada disso basta mesmo assim. Porque nessa grande alameda, outrora verde, vívida e florida, se encontra agora parcialmente morta, perdeu o que tinha de melhor se limitando em troncos e galhos, marrom resistente, duro e inerte.

     Enquanto caminho todo dia por ela, bancos antes cheios, agora totalmente vazios, vejo hora ou outra alguém se sentar com um copo fumegante para ler um livro, nunca mais do que 10 minutos, o tempo que a bebida durar ou permanecer quente. Essas pessoas, não sei quem são e sinceramente, não quero saber. Porque já conheço o bastante de pessoas, mesmo que este bastante não seja o bastante para me deixar feliz, ou que o bastante não apareça mais, tenha sumido com o verão.

     O frio me atrapalha e entretê, enquanto o vapor sai da boca como um fluido gasoso. Posso me concentrar no que estou fazendo, não há belos pássaros ou flores para me distrair, queria eu poder me distrair um pouco. As folhas secas no chão fazem barulho enquanto meus passos congelam sobre elas, todas diferentes, porém feias.

     O Sol lá em cima brilha, brilha menos agora... Não sei se é porque ficou um pouco mais distante, a atmosfera mais densa e pesada, sozinho. Só sei que mesmo assim seu brilho permanece lá e é a única coisa que me esquenta, esquenta para a brisa leve levar o calor, aos poucos, ou de uma vez, mas sempre leva no final. Nas tardes secas e frias de outono, o brilho ofuscante e desbotado aquece, ilumina e agrada, só ele.

     Mas nem eram o Sol e os ventos que realmente me esquentavam na primavera e verão. Eu sempre permaneci frio por dentro, num eterno outono, não nesta primavera. Só pessoas podem me aquecer por dentro de verdade e eu encontrei um Sol interno. Agora ele se foi, não para sempre espero eu, o Outono está chegando ao fim. O inverno será pior? Não se por dentro tudo florescer novamente numa primavera, quero você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário