Sabe, faz um tempo, ou talvez eu nunca tenha feito isso. Mas eu nunca fiz um texto expressivo e espontâneo, ou era um ou outro. Acho que é hora, agora que ninguém lê afinal.
Sabe, ultimamente eu não tenho vivido a minha vida, e não, não é drogas. É só porque eu estou um pouco, hmm, deprimido. Não sei se esta é a palavra certa, porque do meu ponto de vista só estou cansado. E eu já falei bastante sobre isso, mas hoje é diferente, eu prometo.
As vezes eu me olho no espelho, e penso, interessante, é só isso. Mas não é, porque há muito atrás do que eu posso ver e sentir, e sabe, os defeitos nunca são realmente evidente para quem os possui e reconhecer os defeitos é difícil, porque raramente você realmente os percebe. Há quem considere defeito a falta de qualidades, talvez eu seja uma dessas pessoas, e isso é só mais um defeito, e sabe, eu venho me pressionando, ou talvez apenas influenciando, a ter qualidades, como se fosse assim. Eu queria ser especial, significava para mim ouvir elogios, receber algo em troca, ou simplesmente me sentir bem fazendo algo, sentir que eu era bom naquilo, talvez o melhor, no passado.
E eu posso até ser bom em algumas coisas, mas nunca serei o melhor, e nem é por isso que eu deixei de buscar essa posição idiota, já deixei faz tempo. Mas é que no fundo, é muito mais simples que isso. Tudo que eu fazia era para melhorar algo que não há como melhorar, é apenas um fato que está acontecendo no presente e tem um futuro, mas é estático como o passado. Até com o violão pois, pensei que um dia talvez seria um bom músico, compositor.
Ao menos tentei não atrapalhar as pessoas no caminho, só isso. E acho que ao não atrapalhar, também não ajudei, porque querendo ou não, não há como ser bom com todos, mas há como ser nada com todos e eu escolhi o segundo. E isso é uma droga. Eu não quero realmente fazer mal a ninguém, não gosto de intrigas e brigas, e eu nunca fiz muito parte disso, mas a verdade é que é tão vazio que talvez completar o vazio com isso... seja uma péssima ideia. A incompreensão também faz parte, madrugadas de insônia pensante fazem parte. Você só vai levando, dia a dia como se fosse um alcoólatra que quer parar de beber, mas beber também não resolve, ao contrário é só uma besteira a mais, por isso não há muita saída.
Ninguém é perfeito, nunca vai ser, e quando alguém parece, em breve prova o contrário. Há pessoas perfeitas, mas apenas para uma ou outra, e mesmo assim essa perfeição não é a ausência de erros mas sim a tolerância à eles. Ninguém gosta dos defeitos de alguém, mas se você tolera todos eles, então se dará bem. Não é questão de gostar dos defeitos também, mas de compreendê-los e tolerá-los. As pessoas simplesmente são assim, algumas mais legais que as outras, e todo mundo vai continuar julgando até morrer, sem problemas, eu faço o mesmo, e não é porque eu quero é claro. Mas é assim talvez que tenha que ser, pra que ficar pensando em ser diferente se não há como ser, simplesmente é. Uma condição que talvez seja divertida.
Aí eu me lembro que eu só posso contar de verdade com meu espelho, e sabe isso é horrível. Por mais que promessas sejam feitas, palavras ditas, intenções expressadas, no final não é permanente nem certo, pelo contrário, tudo é temporário e incerto. E nem por isso é ruim, pode ser bom, as vezes. E que bom, porque eu não quero que seja bom sempre, porque senão o bom se torna normal e o normal costuma ser ruim. E eu esqueço sempre, que é exatamente por isso que pessoas não gostam de mim.
Nada do que eu faço ajuda em alguma coisa, e não adianta dizer que é modéstia, é só um fato. Mas eu também não quero ajudar tanto assim, só acho que talvez se ajudasse, alguém me ajudasse, e podíamos ficar nos ajudando até quando quisermos. Mas a probabilidade é tão baixa que nem acredito, mas você fica com aquela sensação na loteria, de que talvez você ganhe, e você imagina tudo o que faria se ganhasse, se tirasse a sorte grande, até que o dia do sorteio vem chegando, as esperanças diminuindo, e nos minutos finais, você nem se importa mais, sabe que não vai ganhar. Você só teve uma expressão de nostalgia falsa, como se algo de importante tivesse acontecido, mas foi só na sua cabeça.
Não é carência física, é só emocional, mas também não é tão profunda nem rasa. É algo como alguém tivesse me contado que o clímax do filme acontece agora, eu fico esperando e na verdade não acontece nada, eu me decepciono e depois de muito tempo eu vejo que aquele foi realmente o clímax, e esse nada foi o clímax, mas não percebi na hora. E aí eu volto para o começo: Afinal o que eu estou fazendo? Eu não estou fazendo nada, não tenho objetivos, metas, perspectivas, eu sempre criei as minhas e isso na verdade não mudou muito, é só porque eu me cansei de criá-las, eu só queria que as coisas andassem naturalmente, eu não queria sentir o cansaço, não toda hora.
Mas são pessoas, huh. Eu não espero mais nada delas, apenas desejo e já perdi as esperanças. Afinal porque esperaria algo delas algo que nem eu consigo ser, eu sou que nem eles, talvez mais eles do que eles mesmos. E não há nada de errado nisto, o problema foi que sempre pensamos e sentimos demais e essas duas coisas não combinam muito e resulta nesses erros e acertos, mágoas e alegrias, porque no fundo queríamos o melhor dos dois, mas exatamente ao querer isso, não conseguimos. Se fossemos algo mais unilateral, talvez pudéssemos eventualmente o melhor de um dos dois.
E eu já estava engatando na highway, indo para lugar nenhum, mas ao menos indo. Agora meu motor quebrou, simplesmente porque tive que voltar para aquelas estradas marginais esburacadas, por onde ninguém passa, e apesar de ter diversos números no meu celular, não tenho muita vontade de pedir ajuda, se alguém se importasse, eles viriam, certo? Está bem evidente.
Já está no meio e passando, e eu aqui tendo de escolher entre um isolamento sincero ou uma aproximação falsa, e eu não sei o que é o pior. Não é questão de opção, é a falta delas, eu queria uma aproximação sincera. E quando a felicidade simplesmente depende de um oi, de uma tarde... sabe tipo, algo tão pequeno em troca de algo tão grande, mas eu sei que não vai acontecer, a não ser que eu tente, e aí perde a mágica, perde a sinceridade. Sabe, deixa.
Antes eu estava pronto pra me trancar e não escutar mais ninguém, nem sair. Aí eu resolvi fazer exatamente o contrário. Agora não consigo mais fazer nenhum dos dois.
Bye Nobody
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