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sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Quando o Pêndulo Cessou
O dia estava mais claro do que o normal. Os raios do sol se entrelaçavam entre a poeira que flutuava naquele cômodo mal-ajambrado. De certa forma desarrumado, por outro lado sujo, o dono certamente não tinha a organização de seu quarto como prioridade.
Os olhos se abrem, as pupilas dilatadas diminuem até se adequarem à iluminação indireta do sol. Os feixes que passavam pela persiana semi-aberta aqueciam em faixas o lençol. O sujeito levantou num pulo ao perceber que estava acordado, lembrar quem era e o que tinha que fazer no dia.
Seria um grande dia. Anos de pesquisas, o que seria um eufemismo para o trabalho de toda uma vida, todos concentrados no que resultaria deste dia. Livros grossos foram lidos de fio a pavio, outros escritos. A fórmula que este sujeito estaria prestes a atingir possibilitaria a vivência infinita, ele estava certo de que teria sucesso em sua empreitada.
Arrumou-se sem perceber, estava a caminho da universidade, onde, em seu laboratório, estava sendo sintetizado algum tipo de elixir. Um líquido fosco, verde fluorescente escorria do funil que afunilava-se em algo do diâmetro de uma agulha, pingando pequenas gotas em períodos regulares. Em 13 minutos haveria quantidade suficiente para obter o efeito desejado, só bastaria ingerir e esperar a reação corpórea, que demoraria cerca de 5 minutos.
Diversas contradições permeavam a teoria do sujeito. Diversos colegas alegaram insanidade, que sua pesquisa era totalmente fantasiosa, ele nunca conseguiria atingir seu objetivo. Mas ao contrário da opinião popular, ele estava totalmente crente de que, estando certo, conseguiria.
Havia um único risco. Ao beber o "elixir da vida eterna", como apelidou sua invenção/descoberta de forma evidentemente não criativa, podia perder sua consciência. Tornar-se um zumbi reativo, que seria guiado totalmente pelos seus sentidos e emoções, não haveria no que pensar, não haveria escolhas a fazer, ele não estaria vivo, apenas existiria.
Isto porque o elixir transportaria a consciência humana para um plano dimensional diferente, sendo assim indestrutível na sua dimensão original, pois só haveria uma conexão entre esta dimensão consciente com os sentidos e espaço físico da dimensão atual, mesmo que o corpo físico fosse esquartejado, a consciência ainda existira, só perderia seus sentidos e suas lembranças. Nesta nova dimensão não existiria tempo, apenas um espaço, e este seria completamente composto pela consciência do sujeito.
Caso a conexão entre esta dimensão e a dimensão física do mundo se desfizesse, a consciência ficaria presa na dimensão. Sem nada, sem sentidos em que atuar, sem lembranças para rever. Seria uma existência infinita e indiferente, não haveria sentimentos, não haveria nada. Ele estaria morto, ele morreu, mas continuava existindo... Para sempre.
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