No momento que começa você procura as soluções, o que posso fazer para contê-la, para cessar com a dor? Com o tempo, a dor sempre aumenta no começo, ela é nova e você não está acostumado. As esperanças estão acima do que deveriam estar, afinal é só o começo, é melhor pensar que logo passará.
A dor pode estalar as vezes, lágrimas podem rolar sem perceberes. No começo as lágrimas rasgam ao escorrer, com o tempo se tornam tão comuns quanto os pingos da chuva. Distrair-se necessita de tamanho empenho que não deveria merecer a denominação de distração, você sempre se foca na dor, e para esquecer dela o máximo que pode-se fazer é colocá-la em segundo plano, ela não desaparece, mas não é mais o centro de tudo.
As soluções começam a parecer improváveis, a dificuldade para acabar com isso começa a desanimar. Você começa a tentar conviver com a dor, se aproxima dela e oferece provas de amizade, é mais uma submissão do que um acordo. No final isso não facilita em nada, saber que há de conter a dor por um tempo indefinido não faz com que você possa conviver melhor com ela. Na verdade esta estadia indeterminada dela por sua mente, corpo e/ou alma irá apenas amplificá-la.
Você pode tentar inutilmente conter a dor com o prazer, ou a tristeza com a felicidade. Mas a verdade é que não há como subtrair tais coisas, os opostos delas são de grandezas diferentes de forma que apenas acrescentam. Você ainda vai se sentir triste mesmo feliz, e ainda vai sentir a dor mesmo quando bem. Pode-se lamentar o momento e o futuro, buscar o passado ou tempos melhores. Mas a nostalgia é uma lâmina de dois gumes, pode lhe reviver a saudade e criar um curto circuito na passagem de tempo, viver fora do presente não é recomendável, mas torna-se quase instintivo.
Ela parecerá então eterna, algo como um pré-requisito à sua vida, o seu cotidiano será então sempre perturbado por ela. Mas isso é apenas uma impressão acima de tudo, não que esteja isenta de verdade, é apenas uma sensação, um sentimento. E então se aproxima do momento, aonde esta dor pode passar, passar parcialmente.
Se passar, seja como for, pela ação curativa do tempo ou um acontecimento que iniba totalmente a dor, a dor passou, é quase uma alegria. A ausência dessa tristeza faz com que o estado normal seja feliz, sem o fardo que tinhas agora tudo fica mais leve, mais perceptível e tolerável, aliviado. Enfim o normal não é ruim. Mas sempre deixará algo, mesmo que não esteja mais lá.
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