domingo, 21 de agosto de 2011

Devaneio Doloroso

        No momento que começa você procura as soluções, o que posso fazer para contê-la, para cessar com a dor? Com o tempo, a dor sempre aumenta no começo, ela é nova e você não está acostumado. As esperanças estão acima do que deveriam estar, afinal é só o começo, é melhor pensar que logo passará.

        A dor pode estalar as vezes, lágrimas podem rolar sem perceberes. No começo as lágrimas rasgam ao escorrer, com o tempo se tornam tão comuns quanto os pingos da chuva. Distrair-se necessita de tamanho empenho que não deveria merecer a denominação de distração, você sempre se foca na dor, e para esquecer dela o máximo que pode-se fazer é colocá-la em segundo plano, ela não desaparece, mas não é mais o centro de tudo.

        As soluções começam a parecer improváveis, a dificuldade para acabar com isso começa a desanimar. Você começa a tentar conviver com a dor, se aproxima dela e oferece provas de amizade, é mais uma submissão do que um acordo. No final isso não facilita em nada, saber que há de conter a dor por um tempo indefinido não faz com que você possa conviver melhor com ela. Na verdade esta estadia indeterminada dela por sua mente, corpo e/ou alma irá apenas amplificá-la.

        Você pode tentar inutilmente conter a dor com o prazer, ou a tristeza com a felicidade. Mas a verdade é que não há como subtrair tais coisas, os opostos delas são de grandezas diferentes de forma que apenas acrescentam. Você ainda vai se sentir triste mesmo feliz, e ainda vai sentir a dor mesmo quando bem. Pode-se lamentar o momento e o futuro, buscar o passado ou tempos melhores. Mas a nostalgia é uma lâmina de dois gumes, pode lhe reviver a saudade e criar um curto circuito na passagem de tempo, viver fora do presente não é recomendável, mas torna-se quase instintivo.

        Ela parecerá então eterna, algo como um pré-requisito à sua vida, o seu cotidiano será então sempre perturbado por ela. Mas isso é apenas uma impressão acima de tudo, não que esteja isenta de verdade, é apenas uma sensação, um sentimento. E então se aproxima do momento, aonde esta dor pode passar, passar parcialmente.

        Se passar, seja como for, pela ação curativa do tempo ou um acontecimento que iniba totalmente a dor, a dor passou, é quase uma alegria. A ausência dessa tristeza faz com que o estado normal seja feliz, sem o fardo que tinhas agora tudo fica mais leve, mais perceptível e tolerável, aliviado. Enfim o normal não é ruim. Mas sempre deixará algo, mesmo que não esteja mais lá.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Objetos Invisíveis Quebrados

       Estragou algo que não existia, lamentações, mas porque afinal? Se você criou, se não existe, não há porque estragar, não há muito menos porque se preocupar. Se quebrou e você ainda se importa, reconstrua, ou melhor, volte para quando não era assim, ao menos com objetos imaginários isso é possível.

Chaves sem Fechadura

       Continuamente procurando abrir as portas, encontrar algo dentro de outra coisa. Sentido, nem tudo tem, mas todos acham que está lá, e vão procurar, vão achar poeira, não vão achar nada. Existem tantas chaves que efetivamente não tem nada para abrir, não vão levar a lugar nenhum, são inúteis. Enquanto outras fechaduras nem chaves sequer tem, são igualmente inúteis. A curiosidade pode te guiar para esse tipo de porta, esse tipo de chave, mas o bom senso deve te afastar delas, só perderá seu tempo, só decepcionar-se-á.

Os Pôsters

       Você olha para os pôsters. Todos cintilando na parede, lisos e coloridos. Imaginando e desejando, porque não posso ser como eles? Apenas imagens, mas dentro da cabeça de cada um são metas, alguns se importam mais, outros menos, alguns sequer se importam. Porém alguém sempre pendura algo novo lá, as vezes sobre um antigo. E aqueles que são pôsters vivos, andando por aí com a pompa de um ideal que foi alcançado, ora, ideal é relativo, para eles não. Narcisismo fascista, narcisismo suicida, narcisismo fútil.

Problemas e Morte

      Meus problemas não são a existência de algo ruim, mas a ausência de algo bom. São portanto de uma natureza mais tolerável porém igualmente triste. Propago falsas esperanças a mim mesmo, pois se avaliarmos possibilidades não seria racional esperar algo dali.

      As vezes vejo todas essas pessoas a minha volta e a noção é que todas vão desaparecer um dia, mas apenas porque eu vou deixar de existir, vou sair deste lugar e nada sei se vou a lugar algum, provavelmente não, é ridículo querer ter fé. Mas o pior é imaginar que não vou poder sentir saudades, nem sequer me lembrar. É impossível, mesmo que digamos, eu vá para para outra dimensão, renasça ou então o clichê das crenças (céu e inferno), mesmo assim eu não poderia me lembrar, é fisicamente impossível, minhas lembranças estão no meu corpo e lá ficarão até se deteriorarem.

      Mas então parece que tenho medo de morrer. E constatar a fragilidade inalienável do ser apenas piora a situação. Vejo e só vejo oportunidades para tal, sendo que se me preocupasse em demasia com certeza desenvolveria paranóia ou esquizofrenia. Mas o medo não se deve ao fato de que perderei tudo, mas de que não ganhei nada na verdade, ao menos ainda.

      Porque é muito mais fácil querer deixar a vida, não digo como suicídio mas apenas não temer a morte, quando se está feliz e realizado. A tristeza e insatisfação apenas causam um sentimento de derrota que seria concluído totalmente com a morte e que talvez seja revertido ao longo da vida. E portanto aí entra a questão do suicídio, se for percebido que o estado de tristeza e derrota é perpétuo em vida, a única forma de acabar com esse estado seria pela morte, mas isso é o auge da desesperança, raramente é alcançado realmente, normalmente é apenas uma impressão.

      Voltando... A ausência de coisas realmente ruins na vida criam uma lacuna, que pode ser preenchia hora pela ausência de coisas boas, hora por um vazio de controle mental. Esse estado inerte possibilita o controle de certa forma dos problemas, banalizando as tristezas e felicidades já que não há um comparativo de maior amplitude e ninguém guia a intensidade dos sentimentos e sensações por medidas absolutas. Mas é incrível essa necessidade do ser-humano por ter problemas, eles sempre vão existir, apenas porque alguns tem problemas mais simples, inventados e fúteis do que outros.

      Ah onicronia, dedico um parágrafo novamente a ti. Sinto falta da onicronia boa, aquela que diz que tudo ficará bem para sempre e que tudo de bom sempre restará. De fato a onicronia é a causa para a falta de temor da morte, levando a imprudência ou suicídio, sendo a onicronia benevolente e a maléfica responsáveis respectivamente. Mas basear decisões vitais e fatais por uma simples ilusão sentimental é irracional, tão irracional quanto acreditar nela.

      Somos guiados por ilusões e nos perdemos em desilusões que muitas vezes não passam de ilusões ruins, nunca veremos a realidade inerte e completa, por isso sempre acentuamos a pouca informação que temos, seja para melhor, seja para pior.

      Desejar a morte é ruim, temê-la é pior ainda. É melhor não pensar nisso, eu nunca realmente penso, só as vezes raramente, quando não tenho nada para fazer e penso que poderia estar fazendo algo, pois ainda estou vivo.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Processos x Carpe Diem

       Vamos aproveitar o dia, mas sempre nos preparando para o dia seguinte. Porque se levarmos o Carpe Diem para interpretações radicais, daquelas que talvez até surgissem terroristas explodindo seminários, escolas, restaurantes ruins e outras coisas "chatas" que estragam ou empobrecem o dia, poderíamos concluir que praticamente tudo que fazemos não é essencialmente algo com o intuito de aproveitar o dia. Mas mesmo assim o fazemos, seríamos então seres que não gostamos de aproveitar o dia?

       Obviamente não, somos seres guiados pelas sensações e sentimentos bons, raramente alguém coloca algo acima disso, como a razão ou espirituosidade, e mesmo quando o fazem, eles não visam tais coisas em si. Não existe razão pela razão, ou espirituosidade pela espirituosidade.

       Tudo o que eles fazem então não passa de um processo, uma forma de Carpe Diem alongada, aonde estendem o "dia" citado para talvez semanas, anos ou uma vida inteira e que portanto requer que se façam determinadas ações antes de realmente aproveitar, porque mesmo alguém que esteja aproveitando o dia em seu potencial máximo, precisará hora ou outra se locomover ou descansar, coisas que não têm em si algo de especial, mas fazem parte do processo de aproveitar o dia (semana, mês, ano ou vida).

       Mas quando tal objetivo de se aproveitar fica difuso em longos períodos de tempo, as ações ruins parecem obliterar as boas, quando na verdade consistem de parte delas, o outro lado da mesma moeda. Tudo enfim é um processo, com início, meio e fim e um objetivo. O objeto que tanto cobiçam, o aproveitar, é simplesmente a metáfora de se sentir bem e feliz.

       O mais importante então seria, mesmo quando fazendo algo que possa ser considerado ruim ou desagradável, talvez um dia que tenha responsabilidades exageradas mas que serão recompensadas no futuro, fazer de tal ato o máximo proveito. Engrandecer quaisquer movimentos e planos, alterá-los no possível para que tornem se o máximo graciosos e proveitosos Então o Carpe Diem têm em si a percepção de que o processo precisa ser o máximo proveitoso, em todas as etapas e momentos possíveis, e tal conceito está contido numa mera oração. Aproveite o Dia!

domingo, 14 de agosto de 2011

Decadência Gradual Oculta

       Eu sabia que não era a mesma coisa, mas eu não sabia se isto era só uma ilusão ou simplesmente porque já havia sido algo um dia. E foi decaindo, aos poucos, aos muitos, mas diminuía com o passar do tempo, como a areia que vai descendo da parte de cima da ampulheta. Na maior parte das vezes, para não dizer todas, a culpa era minha diretamente ou indiretamente.

       E uma hora iria acabar, desde o momento em que eu percebi que se esvazia mesmo que aos poucos. Eu só não sei se foi mais minha culpa, ou se no final não há culpados, apenas vontades, de se ficar longe, de não se falar. Eu me lembro que fiquei até meio paranoico com pequenas coisas, subindo seu significado. Talvez eu estivesse certo, ou apenas era paranóia. Ao menos guardava a paranóia para mim, eu só estava com medo de que aquilo realmente estivesse acontecendo.

       Mas agora nada disso importa porque de certa forma acho que já acabou, não há nada mais o que se fazer (?) porque mesmo se houvesse também haveria de querer, e acho que aí é aonde encontra-se o principal problema. Sem problemas, já cortei os contatos, mas não queria que eles acabassem, mesmo tendo acabado antes de ter cortado. Nem mesmo o blog, que eu invadi praticamente, eu acesso mais, mesmo que aqueles textos maravilhosos sejam um dos maiores prazeres da semana, dia e etc, não há porque lê-los e provavelmente nem queres que eu leia-os, então se quiser me desconvidar, fique a vontade. Eu não vou desconvidar você pois sei que nem deves acessar direito.

       O que me entristeceu foi que eu não soube de nada, foi acabando aos poucos e sem eu saber direito, e no final acabou simplesmente, não que fosse novidade, mas eu não sabia. Penso, logo penso em você.

sábado, 13 de agosto de 2011

Ao Longe

A distância se faz efêmera
Quando o desejo permeia
Todos os planos do futuro
Torna-se a razão do murmúrio

De que tudo ficará bem um dia
E que só vivo para esperar
Esperar por você e por nós
E esquecer tudo que fazia
Antes do dia que te encontrar
No horizonte nascem mais Sóis

A chuva dissipou o caminho
As nuvens aveludadas escondem
Se eu realmente estiver sozinho
Apatia e depressão se fundem

Nem que fosse só por um dia
Mas não me canso de esperar
Esperar por você e por nós
Parei até de fazer o que fazia
Só para poder te encontrar
E ver o nascer destes Sóis

Tudo ficará bem um dia
Só vivo a esperar
Por você e por nós
Nada realmente fazia
Antes de te encontrar
No horizonte mil Sóis

domingo, 7 de agosto de 2011

Rejeição à Perfeição

Alguém que se despeça pedindo para ficar mais
esteja a par das minhas coisas mais banais
vai muito além daquilo que apenas me satisfaz
não julga, e muito menos sem ter certeza
não se orgulhe, mas também reconheça sua grandeza
olhe nos olhos e diga tudo com total franqueza

Alguém que expresse sentimentos sempre sinceramente
não faça coisas ruins secretamente
seja mais compreensiva do que toda essa gente
sempre espontaneamente vibrante
que se estiver triste procure ficar feliz
esteja ao lado de pessoas que lhe condiz
Alguém, a pessoa que eu sempre quis

Mas se buscasse pessoas perfeitas nunca as encontraria
E por fim depois de muito tempo me decepcionaria
Lamentando ter passado uma vida inteira sozinha
Fugindo dos defeitos que todos têm e duelam a todo momento
Tentando extinguí-los para ver se finalmente me contento
Mas porque seria cruel a ponto de não tolerar
O lado ruim de uma pessoa fantástica
E talvez desse lado até passar a gostar
Porque o amor não exclue nada com engodos
Vê quem ama como um todo 

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Passividade Impotente

       Para que vou querer saber se isso não muda nada na realidade, não participo ativamente mais, talvez nunca tenha, e então não posso influir ou mudar nada, me torno um mero espectador, torcedor que fica feliz quando descobre que estás contente e se entristece ao saber de suas mágoas. O problema de tudo isso é a impotência, querer participar da felicidade e amenizar a tristeza, no final talvez por falta de habilidade ou de exclusividade isso não é possível. Fico portanto desperdiçando tal potencial que talvez nem exista, como um jogador que é obrigado a ficar na arquibancada, um palestrante que só atua como ouvinte ou um músico que não pode fazer nada além de assistir à shows. Nunca saberei de verdade, nem ninguém.

       Agora colocando a subjetividade de lado. Eu nunca stalkeei muito, nem sabia o que era stalking quando eu stalkeava, mas parei a um bom tempo (nunca comecei de verdade). Mas veja, agora por azar a informação vem até mim, aparece diretamente na minha TL, talvez se seguisse mais pessoas isso deixe de acontecer. A solução mais simples, direta e evidente é deixar de seguir, parar de querer saber, pois bem é isso que fiz. Agora só espero a reação, provavelmente será uma reação de causa e efeito, algo recíproco, é o que eu espero, mas não é o que eu quero, quero surpreender-me, mudando esta história e me provando errado, mas tais possibilidades são tão mínimas que nem o meu otimismo pode atuar. Queria estar equivocado, que tudo isso fosse um mal-entendido, algo precipitado e interpretado de forma pouco compreensiva. Vou apenas esperar para que se acabe de uma vez, não "Um Fim, mas "O Fim".

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Destaque no Desprezo

       Pessoas egoístas em relacionamentos, até quando? Cada vez mais é assim que funciona, alguém se relaciona mais para o bem-estar de si mesmo, seja por prazer, conforto, diversão. Pessoas que decidem contar todos seus problemas procurando uma psicoterapia do amigo, sem perceber que isso é ruim para o tal amigo, e pior, o amigo que se recusa a fornecer tal ajuda ou faz de uma forma a encerrar rapidamente o assunto, um não se importa com o outro de verdade. Neste caso se houvesse algum apreço mútuo, um procuraria não contar os problemas para não deixar o amigo mal, enquanto o amigo tentaria descobrir, solucionar e consolar os problemas do outro.

       Pessoas que começam a namorar porque estão sozinhas, porque finalmente alguém aceitou sua companhia. A banalização dos relacionamentos e a estereotipagem dos sentimentos, que parecem agora mais caricaturas do que realmente eram, passam a ser planos com regras ao invés de algo que você sente e se guia. Ninguém mais se importa em fazer algo pelo outro que não seja algo que lhe beneficie também, parece sempre uma constante troca de favores, como se a amizade constituísse-se apenas de ações que busquem reações favoráveis.

       E você então tenta sair deste estigma, desta inércia. E a verdade é que parece tarde demais, isso tomou conta de quase tudo, não há mais como fazer algo diferente. O underground também é mainstream. Desprezam e não se importam, e esperam que você aceite isso tranquilamente e se converta rapidamente. É uma pena.

Só para terminar de esquecer

       Certamente não tenho nada contra, pelo contrário, apenas a favor. E este é essencialmente o problema. Não há nada de errado a primeira vista, isto só torna mais difícil ainda. A verdade é que afinal eu não faço muita ideia, mas só sei que talvez seja melhor assim, não há mais o que fazer e a culpa é mais minha mesmo.

       Vai ficar na saudade, é o único lugar que se pode ficar. Não há mais por nutrir algo que já morreu ou parece morto, eu não queria, mas devo lidar com isso, não que seja difícil, só é triste. E só falta "let go" de vez, mas acho que nunca vou 100% ou algo próximo disso. É uma pena. Também não quero que ninguém se sinta mal, só eu tenho esse direito.

O que está errado?

Nada, assim como nada está certo também, nada está nada.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Inutilidade Vaga

Tentativas e erros, parecem causa e consequência
Enrolação e hipocrisia, parece mais demência
Preferir sentimentos à sensações
Por mais ingênuas que sejam tais decisões

Penso que só nos encontraremos no infinito
E por mais que tente-se, o decorrer desse teatro
Tudo indica não se passar de um tragicômico
E a fantasia que envolve-me ainda não é um fato

Não quero descontrolar-me perante à mim
Pois ao contrário de meus amigos
Tal ato nunca teria fim

Esquivando-se de todos os fúteis perigos
Como o tédio de um dia chuvoso
Nada do que faço é realmente perigoso